quarta-feira, 15 de agosto de 2012


O Preço das Coisas

               Recentemente um texto publicado no site da revista Forbes, escrito pelo jornalista americano Kenneth Rapoza, está causando um pequeno zum, zum, zum entre os brasileiros. O jornalista alega que pagamos muito caro, aqui no Brasil, pelos carros da marca Chrysler, em especial o Jeep Grand Cherokee. Diz que nos Estados Unidos tais veículos são utilizados por pessoas de classe média baixa e que no Brasil são carros única e exclusivamente usados por “bacanas”. Não gosto de concordar com algo que venha da terra do Tio Sam, mas infelizmente o repórter está cheio de razão. Kenneth cita também que um Ford Durango, recém lançado nos EUA, custa US$57.000 e que um professor do Bronx devido ao seu poder médio aquisitivo pode comprar um. Se não for zero, pelo menos semi-novo, com dois anos de uso.  Já no mercado brasileiro o mesmo modelo custará temíveis US$95.000. Não preciso dizer que um professor brasileiro teria capacidade de comprá-lo. É uma baita diferença. O jornalista vitupera os consumidores que supostamente adquirem esse tipo de carro em busca de status. No fundo ele quer dizer que os brasileiros confundem preços altos com qualidade. Será?
               Sabemos que a colossal carga tributária brasileira é a grande responsável pelos preços das coisas em geral, mas que muitos empresários, fábricas, lojas e outros departamentos aproveitam disso para elevarem o valor das mercadorias. Temos as margens de lucro mais altas do mundo, os financiamentos com as taxas elevadamente exorbitantes, o charme do carro importado, o charme do zero quilômetro e consumidores ricos, deslumbrados e dispostos a gastar toda essa dinheirama. A perfeita combinação para o preço das coisas. Há quem diga que o problema dos veículos é o cartel das montadoras, outros afirmam que o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), autarquia vinculada ao Ministério da Justiça, que tem como objetivo orientar, fiscalizar, prevenir e apurar abusos do poder econômico não trabalha em defesa da concorrência. Já ouvi especialistas dizerem que o simples fato de as montadoras terem suas próprias financeiras faz com que elas ajam também como atravessadoras aumentando seus lucros. Seja o que for, realmente pagamos muito pelos produtos e não só nos veículos. Os altos impostos também fazem com que os produtos nacionais percam mercados no exterior.
               Somos tributados em qualquer coisa quem compramos ou usamos. No transporte público, no médico, nos remédios, no pão francês, na televisão, nos combustíveis, no imóvel, no que pensar, o tributo está lá embutido refletindo a total falta de transparência do Estado para com o contribuinte. Os impostos brasileiros chegam ao incrível patamar de corresponder a 35% do PIB. Os programas de transferência de renda, bolsa-família, bolsa-escola, cedidos aos mais pobres nada mais é do que repor parcialmente o que o Estado arrebata do nosso bolso. É certo que a população brasileira de um modo geral aumentou seu poder de compra desde o advento do Plano Real, mas ainda existem pessoas na extrema pobreza. Somos um país de contrastes. Os verdadeiros herois da nação são aqueles que acordam de madrugada, pegam ônibus, andam a pé, fazem o país andar e ganham R$622,00 por mês. Já dizia o ditado: em terra de cego quem tem olho é rei. Se tem alguém disposto a pagar por um produto caro que pague. Se existem produtos caros é porque tem alguém que compra, porque caso contrário eles seriam bem mais baratos.
               

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