segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Qual é a Música ?

A música popular brasileira, desde o começo do novo milênio, vem se arrastando pelos palcos da vida. Tentativas midiáticas de nos fazer engolir ritmos escolhidos a dedo não estão surtindo efeito e me preocupo sobre o futuro da nossa querida música tupiniquim.
É certo que em cada época, mais precisamente décadas, a música sofre alterações que a torna mais atual, mais harmoniosa, responsável por bons ou maus momentos, seja de tristeza ou de alegria. Nos anos 60, só pra lembrarmos um pouco da história, estourou a Jovem Guarda de Roberto e Erasmo, a Bossa Nova de Nara Leão, João Gilberto e Tom Jobim e a Tropicália de Gil e Caetano. Uma super inovação musical jamais superada por outras décadas.
Nos anos 70 uma gama de estilos variados surgidos de várias matrizes covencionou-se chamar de MPB. Rock, regionalismo, protesto, nacionalismo faziam parte desse movimento fantástico que embalou e ainda embala muitos casais arrebatados. Ícones desse tempo foram Chico Buarque, Milton Nascimento, Elis, Simone, Betânia, Zé Ramalho, Djavan e uma infinidade de outros artistas consagrados.
Já nos anos 80 o "rock brazuca" fez o país dançar ao som de letras urbanas tocadas num período de transição política e que jamais foram esquecidas por aqueles, que como eu, já passaram dos trinta e poucos anos. RPM, Rita Lee, Paralamas, Capital, Plebe Rude, Ira, Lulu, Ultraje, Titãs e a melhor banda brasileira de todos os tempos, a Legião Urbana. Década que deixou muitas saudades para aqueles que veneram uma boa música.
Nos anos 90 fomos contemplados com o reggae do Cidade Negra, o rock dos Raimundos, do Skank, do Jota Quest, O Rappa, os saudosos Mamonas, a mangue-beat de Chico Science, a MPB de Marisa Monte, Ana Carolina e Cássia Eller. O axé contagiante de Daniela Mercury e Ivete e o ápice da música melosa dos "amigos". Então veio o novo século, muita expectativa para as canções do novo milênio e o que vimos não foi tão animador.
Com a chegada da Internet, da globalização, da tecnologia e da pirataria é certo que as gravadoras perderam sua pujança. Hoje qualquer um pode gravar um belo CD no conforto do seu lar. Mas o que vimos e ainda estamos assistindo é uma imposição ritmica sem juízo. Primeiro foi o funk do bonde do tigrão e da titia loira que nos infernizaram com aquelas terríveis letras de duplo sentido capazes de confundir até o mais sabido dos mortais. Graças a Deus sumiram na mesma proporção que apareceram.
Depois fomos atacados pelo forró do Calipso, do Calcinha Preta, das dancinhas coreografadas e agora nos aparece um tal de sertanejo universitário. Duplinhas esquisitas que fazem melodias melífluas sempre em busca daquele amor que fugiu com outro.
É impressionante como os artistas do novo milênio perdem a popularidade depois de um disco, opa, de um CD, ou só uma canção de sucesso. Estamos na era da música descartável, aquela que se ouve até cansar e depois se joga fora, ou você, caro leitor, acha que fazer um leilão para saber quem dá mais pelo meu coração será lembrada daqui a 20 ou 30 anos? Mas será que acabou? Claro que não!
No final da atual década somos presenteados massivamente por um novo tipo de música. Aquela que divinamente não permite a pirataria e que reacende a esperança das gravadoras: a música gospel. Uma infinidade de cantores demonstrando sofrimento impiedoso com um microfone na mão e que em outra música estão pulando jubilosamente com as mãos levantadas para o céu estão em alta nos meios populares.
Mas quando tudo está perdido sempre existe um caminho. Artistas revelados nos anos 2000 tais como Pitty, Cláudia Leitte, a invasão feminina das belas vozes de Maria Gadú, Ana Cañas e Marina de La Riva atravessarão a década e serão lembradas no futuro como o que de bom aconteceu nessa tão sofrida década para a MPB. É muito pouco em comparação com os anos passados.
Torço para que novos talentos sejam descobertos e nos enriqueçam de boa música . Mas que venham calmamente e não impostas pela mídia. Talvez estejamos passando por uma época de perturbada transição. Época da Internet, dos downloads, dos uploads, celulares. Tudo aconteceu muito rápido e não foi diferente com a MPB. Quem será o novo Roberto Carlos da música? No futebol sempre aparece um candidato a novo Pelé, por que não acontece isso com os cantores ou cantoras? Falta coragem pra investir em novos talentos. Pra mim música é tudo. Acho que Oceano é a minha preferida. Você tem preferência por alguma? Qual é a música?

Um comentário:

  1. Aquarela...

    Na voz de toquinho! Uma bela música que por trás dela, é uma lição...depende dos olhos de quem vê ! Ou do ouvido de quem ouve a bela melodia!

    ResponderExcluir